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quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Le Monde: Proposta de nacionalização de empresa abre discussões na França

Ministro francês da Indústria, Arnaud Montebourg

Oficialmente, Arnaud Montebourg não fala mais sobre Florange. "O primeiro-ministro que se vire (…). Agora o problema é dele", ele explicou na segunda-feira (10), durante uma viagem a Bruxelas. Mas, em off, o ministro da Renovação Industrial não arreda pé: sua ideia de nacionalizar a siderúrgica de ArcelorMittal, na região de Moselle, para depois cedê-la a um comprador, era a certa, ele garante a seus visitantes em Bercy, sede do ministério das Finanças.

Prova de sua determinação é que Montebourg não pretende abandonar o conceito de nacionalização, ainda que provisória, que ele contribuiu para tirar do armário onde a esquerda o havia colocado. "Todo mundo está fazendo isso ou ainda fará", ele garantiu na segunda-feira, paralelamente à cúpula dos ministros europeus da Indústria, apontando principalmente para o pragmatismo dos países anglo-saxões na questão.

Segundo foi apurado, seu gabinete já estaria trabalhando de forma prática na questão e usaria essa nova "arma de dissuasão em massa" nas negociações que está conduzindo atualmente com a anglo-australiana Rio Tinto, para obrigá-la a ceder em condições aceitáveis sua usina de fabricação de alumínio de Saint-Jean-de-Maurienne (Saboia), ameaçada de fechamento.

Os conselheiros de Montebourg estão ainda mais motivados pelo fato de que um certo número de documentos dá a entender que a nacionalização de Florange de ilusória não tinha nada, como deixou subentendido o premiê Jean-Marc Ayrault para justificar a assinatura de um acordo com a ArcelorMittal.

Segundo uma nota de dez páginas redigida pela diretora de questões jurídicas do Ministério das Finanças, divulgada pelo "Le Canard Enchaîné" e da qual o "Le Monde" obteve uma cópia, "a apropriação pelo Estado de uma indústria de Florange" era perfeitamente possível no plano legal.  

"Projeto Séraphin"   
"A nacionalização (…) pode dizer respeito somente a um bem ou a um estabelecimento", diz a nota, ao passo que o premiê explicava na semana passada que "nós sabemos como nacionalizar uma empresa ou um setor, mas um único ponto na França de uma multinacional é algo inédito e muito arriscado no plano jurídico".

Da mesma forma, Catherine Bergeal, a diretora de questões jurídicas no Ministério das Finanças, garante nesse documento que "o risco de assimilação da nacionalização a uma ajuda estatal parece pequeno". Em outras palavras: a Comissão Europeia provavelmente não teria encontrado nada para dizer se o Estado houvesse reconcedido a uma operadora privada aquilo que ele acabara de expropriar da ArcelorMittal, sendo que o grupo siderúrgico havia falado em um risco de "concorrência desleal".

No plano financeiro, o apocalipse anunciado por Ayrault em caso de nacionalização de Florange, que teria custado "mais de 1 bilhão de euros aos contribuintes", como ele mais uma vez lembrou na quarta-feira ao canal France 2, parece exagerado.

Em um documento datado de 28 de novembro – "Projeto Séraphin" – elaborado a partir dos cálculos do Fundo Estratégico de Investimento (FSI) e da consultoria McKinsey, há a informação de que se a compra da fábrica de Florange realmente precisasse "de financiamentos (…) de 1,1 bilhão de euros", no período 2013-2015, somente 630 milhões deveriam ser cedidos em fundos próprios, sendo que os 470 milhões restantes deveriam ser financiados por dívida.

Além disso, 110 milhões desses fundos próprios deveriam ser fornecidos pelos compradores da fábrica, o francês Bernard Serin, presidente da belga Cockerill Maintenance e Ingénierie (CMI) e a siderúrgica ítalo-suíça Duferco, aos quais a russa Severstal poderia se associar também, com mais 110 milhões. "Afinal, no máximo 410 milhões de euros em dinheiro público seriam mobilizados", garante uma fonte próxima das negociações. Bem distante do bilhão de Ayrault.

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