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quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

El País: Estado islâmico instalado no Mali recrutou 2.500 extremistas em troca de dinheiro

Militantes do National Movement for the Liberation of Azawad

Azawad, o Estado islâmico independente implantado no norte do Mali, em pleno coração do Sahel, transformou-se num poderoso ímã para jovens terroristas de todo o planeta que vão até lá para cumprir seu sonho jihadista e em busca de um salário seguro, segundo dizem informes confidenciais de vários países europeus aos que o “El País” teve acesso. Os grupos terroristas que dominam Kidal, Gao e Timbuktu contam com cerca de 2.500 homens recrutados nos últimos meses e cujo principal interesse é o dinheiro.

Mali, com 15 milhões de habitantes e uma renda per capita de dois euros por dia, não deu um só passo para reconquistar o território perdido. Os contatos de inteligência da UE no país africano descrevem em seus informes um cenário desolador: um poder tríplice que impede a tomada de decisões, uma elite religiosa muito próxima dos radicais, um exército em decadência que não se pode enviar ao combate e uma polícia “desorganizada e corrupta”. Só a intervenção internacional pode liberar o território perdido, mas os informes da UE asseguram que uma ação militar com alguma possibilidade de sucesso não é possível antes de março de 2013. Os especialistas militares estimam que são necessários seis meses para treinar um exército de 3.000 homens e avaliam o custo econômico em mais de 70 milhões de euros.

Qual é o território real que os islamistas controlam em Mali? Dois terços do território limitado ao sul pela linha Sere-Douentza está em mãos de quatro grupos: Al Qaeda no Magreb Islâmico, o Movimento para a Unidade e a Jihad na África Ocidental, Ansar Dine e o Movimento Nacional de Libertaçào do Anzawad. Implantaram a sharia, a lei islâmica, e suas posições são cada dia mais radicais. Amputam mãos e pés de ladrões, os adultérios são castigados com chibatadas e as mulheres não podem olhar nos olhos de um homem. “É pior que o Afeganistão durante o regime talibã”, disse um oficial antiterrorista que mora em Bamako.

Os informes dizem que nas últimas semanas se somaram a este coquetel de siglas jihadistas egípcios e sudaneses equipados com armas líbias. Também inúmeros jovens do sul do Mali que receberam a notícia de que podiam ganhar até 300 euros por mês em Azawad. Um exército jihadista internacional que já está treinando para frear o ataque que levarão a cabo as tropas da Comunidade Econômica de Estados da África Ocidental.

A reconquista do norte de Mali contará com a ajuda de países não africanos na formação das tropas, informação de inteligência e apoio logístico, especialmente aéreo, sem o qual seria impossível tomar as cidades ocupadas. Mas toda a ajuda que chegue a Bamako não servirá para nada se não for conquistada uma estabilização mínima no funcionamento das instituições do país, segundo afirmam os informes confidenciais da UE.

E a descrição que fazem do poder tricéfalo que domina Mali é muito negativa. Um poder que balança entre Dioncounda Traoné, presidente interno da República que voltou em julho depois de uma longa convalescência médica na França; o primeiro-ministro, Modibo Diarra, e o capitão Amadou Haya Sanogo, presidente da junta militar golpista que derrocou o presidente Amadou Tumani Turé, que impôs a nomeação dos principais ministros e influi em inúmeras decisões de governo.

Os malineses deixam claro a cada dia sua desconfiança e ressentimento em relação a seu exército raquítico, de cerca de 7.000 homens; nas ruas de Bamako e de outras cidades os soldados perambulam sem ordem e abusam de sua condição, segundo inúmeras denúncias; a polícia carece de organização, o órgão controlador que lutava contra a corrupção foi afastado e muitos de seus integrantes são corruptos até o ponto de que os controles que se levantavam nas ruas eram para extorquir. Uma situação que preocupa a todos os enviados da UE a Mali. Como é possível preparar uma operação militar no norte com um exército assim? Pergunta-se um militar europeu enviado à capital.

O ambicioso capitão Sanogo controla o desprestigiado aparato militar. Foi nomeado presidente do comitê militar encarregado de reformar as forças de defesa e segurança, mas seu comportamento só levanta desconfiança nos observatórios internacionais. Há várias semanas promoveu para comissários sargentos de polícia recém-saídos das academias, todos próximos de seus seguidores. O decreto do Ministério da Segurança foi anulado diante da pressão de outros policiais que saíram às ruas disparando suas armas.

A legitimidade da Guarda Nacional evaporou pelas deserções de soldados que fugiram roubando armas e se uniram aos jihadistas do norte, uma área cuja segurança dependia deste corpo dirigido agora pelo coronel Moussa Diawara.

Dos informes da UE só se salva a Gendarmeria, dirigida pelso coronéis Diamou Keita e Sambou Diakite.

O Estado e as classes política e econômica convivem sob a extorção dos militares do capitão Sonogo e quase ninguém parece decidido a dar passos em direção à democratização. Sem sociedade civil e com uma classe política desaparecida, o Alto Conselho Islâmico desempenha um papel mais influente do que deveria lhe corresponder. Algo que preocupa a UE por causa do grande peso que o movimento wahabi tem sobre este conselho. Os informes alertam sobre a crescente influência dos imãs radicais sobre a população e o que isso pode acarretar num governo futuro.

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